Concurso Cultural: 3° lugar.

sábado, janeiro 29, 2011

Clarice Lispector: a diva na vida de uma medíocre mortal
Lindiane Cardoso
Blog: http://asletras-eeu.blogspot.com

Não me recordo da primeira vez que encontrei Clarice. Acho que foi no Magistério. Mas isso, não tem tanta importância.
O que realmente importa é que seu nome me chegou como fruto do acaso, sem esperar, sem desejar. Ouvi, gostei da sonoridade, da força e beleza enraizada no sobrenome Lispector. Mais tarde descobri o seu significado e pensei: ela é uma lis no peito, uma flor que nós carregamos no lado inverso ao direito, naquele canto onde retumba o órgão encarregado de sentir o amor.
Eu amo Clarice. Percebo isso todas as vezes que escuto seu nome: me arrepio; quando alguém diz que não gosta dos seus escritos, da sua “loucura” e complexidade: me armo de argumentos e defendo-a; sempre que escuto um elogio direcionado a seu respeito: fico contente e me gabo de conhecê-la; quando leio suas palavras: vejo-a diante de mim, viva, falando comigo com seus “rr” enrolados, problema de dicção; quando toco um dos exemplares escritos por ela: sinto sua presença como se estivesse materializada ali. CLARICE LISPECTOR.
Ouvi. Gostei. Vi. Admirei. Li. Amei. Conheço-a a cada dia. Vivo me surpreendendo. Afinal, viver é o que faço de melhor.
Muitas pessoas devem se espelhar em Clarice, outras até se consideram parecidas com ela. Eu me vejo nela.
Não sou parecida, não tenho características comuns, não escrevo como ela. Ver-me nela é diferente de ser parecida com ela. É diferente de me espelhar nela. Ser parecida significa escrever com os sentimentos elevados ao extremo, com profundidade, com a alma. Espelhar significa desejar ser como ela: uma mulher introspectiva que nasceu “para amar os outros, criar os filhos e escrever”, alguém que amou até morrer: os filhos e a escrita.
Na verdade, ver-me em Clarice é, sentir que suas palavras são as palavras que guardo em mim com vontade de dizer, de escrever; suas atitudes impulsivas são as atitudes que eu peno a cumprir, mas que tanto desejo; sua capacidade de amar sem medida é o amor que tenho e é guardado para amar sem culpa, por completo.
Clarice Lispector é como uma estatueta que não vejo, e sim sinto. E no sentir, ela se materializa e vive em mim.

3 Clariceanos