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Mostrando postagens de abril, 2012

A Maçã no Escuro (trecho)

Primeira parte: Como se faz um homem Seis Enquanto isso, erguendo a lamparina acima da cabeça, Martim parecia quase tão grande quanto o depósito. Lenha úmida se amontoava perto da enxerga que ele olhou com sen¬sualidade como se não dormisse há anos. A lucidez a que se forçara para responder às perguntas de Vitória já desaparecera, e de suas mãos sumira a habilidade de que precisara para instalar a porta. Com um abrutamento que as vacilações do clarão nas paredes faziam gaguejar e tro¬peçar, respirou fundo o cheiro de couro molhado do depósito, sacudiu a cabeça com força lutando por não submergir. Em¬bora não precisasse de si para nada, uma luta elementar fa¬zia-se nele no sentido de não soçobrar. É que a impressão ameaçadora de estar perdendo elos importantes fazia com que ele se forçasse a ter consciência de tudo: quando a luz esfumaçada da lamparina passava por cima da enxerga, ele anotou com uma nitidez inútil um cinturão imóvel no grande prego enferrujado e o quadro de papelão du...