A partir desse caminho para o pensar, o projeto Clarice busca aproximar as crianças de um colégio de Orlândia, no interior de São Paulo, ao universo da leitura por meio das obras da escritora e jornalista considerada por críticos literários uma das mais importantes do século 20. “A utilização dos textos de Clarice promove uma aproximação com as emoções e as paixões”, diz Fabio Scorsolini-Comin, professor da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP), um dos organizadores do projeto, ao lado do professor Adriano Alves da Silva, do Colégio Logos.
Baseados em temas como o ciclo da vida, da natureza, das espécies e das relações interpessoais, sempre presentes nas obras da escritora, os organizadores buscam promover a reflexão das emoções do ponto de vista psicológico e filosófico para que isso possa repercutir na vida dos alunos.
“As obras da autora são mais conhecidas pelo público adulto. Entretanto, seus livros infantis abordam uma certa ‘humanidade’ nos animais, o que leva a uma aproximação com uma vida mais instintiva e básica, ligada às paixões e às emoções que circundam o universo infantil”, conta Scorsolini-Comin.
Do conto à escrita
O projeto Clarice foi criado este ano e está sendo desenvolvido ao longo do segundo semestre com crianças de 9 e 10 anos matriculadas no quinto ano do ensino fundamental. São três fases, a primeira é de contação de histórias, com uma obra a cada semana. Nessa fase as obras utilizadas são: O mistério do coelho pensante, A mulher que matou os peixes, A vida íntima de Laura, Quase verdade e Como nasceram as estrelas. Alguns contos como Felicidade clandestina e Cem anos de perdão também estão sendo trabalhados.
Na segunda fase, haverá discussão a respeito das obras da primeira fase. “Nesse momento, a ideia é relacionar alguns elementos encontrados na narrativa com a vida dos alunos”, explica o professor. Na terceira e última fase, ocorre a oficina de produção de textos. A cada semana, as crianças são convidadas a produzir um texto diferente a partir da obra trabalhada, como contos, cartas e bilhetes. Ao final, os coordenadores querem publicar um livro com os textos criados pelos alunos e produzir artigos científicos.
Além de Scorsolini-Comin, o projeto também é coordenado pelo professor de História e Filosofia Adriano Alves da Silva, do Colégio Logos.
Fonte e reportagem completa: Joice Soares.