Claure comunicação: Como começou a história com a representação da Clarice Lispector? Rita Elmôr: Começou quando eu tinha 23 anos e ganhei de presente dois livros de Clarice, "Perto do Coração Selvagem” e "A Descoberta do Mundo". Quando comecei a ler, me senti imediatamente íntima dela. Parecia que eu estava sendo apresentada a uma amiga que se tornaria uma amiga-irmã. Sabe aquela sensação boa de encontrar alguém que enxerga as coisas de um jeito parecido com o seu? Agora imagine essa sensação quando você se sente péssima justamente por achar que você enxerga as coisas de um jeito bem esquisito. Encontrar uma igual foi um oásis. Desde criança tenho um sentimento de inadequação, que persistiu na fase adulta. Por causa do meu jeito desencaixado, eu tentava ser do jeito dos outros, mas sempre dava errado, era patético e eu me sentia ainda pior. Entrar em contato com a obra da Clarice me ajudou muito. Continuei a ser desencaixada, mas uma desencaixada que se aceit...
Não me entendo e ajo como se me entendesse.