Depois do desmaio tudo era como fácil. Equilibrou-se. Há anos não desmaiava. A noite agora quase caía e abaixando as pálpebras ela podia sentir os raios amortecidos de luz como música translúcida sombria resvalando da montanha em macia torrente largada à força do próprio destino. Apertava com uma das mãos o áspero cabo do guarda-chuva. Seria impossível chover agora, sentia olhando distraída o céu frio de espelho. Parecia-lhe confusamente que também lhe seria impossível libertar-se de seu modo e seguir por outro caminho — sorria ela um pouco séria e flutuava numa sensação assustada mas de si mesma tranqüila — tão potentes e aprisionadas ela e a natureza pareciam se achar dentro do tênue equilíbrio de suas vidas. Mas havia uma liberdade — como um desejo, como um desejo — acima da possibilidade de escolher, nela e na natureza, e daí vinha a serenidade esquisita e cansada da quase noite sem chuva nas montanhas, a vaguidão mais uma vez renovada dentro de seu corpo.
Depois do desmaio tudo era como fácil. Equilibrou-se. Há anos não desmaiava. A noite agora quase caía e abaixando as pálpebras ela podia sentir os raios amortecidos de luz como música translúcida sombria resvalando da montanha em macia torrente largada à força do próprio destino. Apertava com uma das mãos o áspero cabo do guarda-chuva. Seria impossível chover agora, sentia olhando distraída o céu frio de espelho. Parecia-lhe confusamente que também lhe seria impossível libertar-se de seu modo e seguir por outro caminho — sorria ela um pouco séria e flutuava numa sensação assustada mas de si mesma tranqüila — tão potentes e aprisionadas ela e a natureza pareciam se achar dentro do tênue equilíbrio de suas vidas. Mas havia uma liberdade — como um desejo, como um desejo — acima da possibilidade de escolher, nela e na natureza, e daí vinha a serenidade esquisita e cansada da quase noite sem chuva nas montanhas, a vaguidão mais uma vez renovada dentro de seu corpo.