Quero Escrever o Borrão Vermelho de Sangue

sexta-feira, abril 30, 2010

Quero escrever o borrão vermelho de sangue
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
Que não me entendam
pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.
Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,
não dei.

Mas aqui vai o meu berro
me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.

Quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder.

________

Os poemas desta página são resultado do arranjo em versos, feito pelo padre Antônio Damázio, de textos em prosa da extraordinária escritora Clarice Lispector.É bom que se diga que Clarice apesar de escrever de forma não versificada, era poeta verdadeira, pois como diz Benedicto Ferri de Barros não basta ao texto estar quebrado em linhas para ser poesia. Clarice fazia poesia sem quebrar as linhas.Uma pena que o padre sumiu, não sei onde lhe andam as alpercatas, porque seria muito válido pedir a ele que indicasse a origem dos textos que arranjou de forma tão feliz.

Adaptado do Jornal de Poesia.

Clarice em uma palavra...

quarta-feira, abril 28, 2010

Há como definir?

Envie sua resposta como comentário nessa postagem. Vamos ver qual o perfil da Clarice para os leitores.

Respostas

segunda-feira, abril 19, 2010

Essa página foi criada para responder as questões enviadas pelos leitores. Sua pergunta pode ser enviada como comentário nessa postagem.

Mensagem de Yasmim:

Já que vocês dizem que as frases:
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!

Pode esclarecer de quem são essas frases ? Por que segundo o site (pensador.info) foram retiradas de um texto de Clarice Lispector !

Obrigado desde já !

Mensagem para
Yasmim:
Yasmim, em nenhum dos livros de Lispector há essas frases, ou algo parecido, esse não é o estilo literário de Clarice. Existem muitas frases e até poemas na internet erroneamente atribuídos à Lispector. As frases não são de Flor de Lis, segundo algumas pesquisas (na própria internet) são de Bruna Lombardi, mas nunca li a obra da mesma, portanto não posso dizer que é.

Mensagem de
Marcos Lúcio:
Acredito que esta frase: "você pode, até,me empurrar de um penhasco. E daí? Eu adoro voar" atribuída à Clarice, não seja de sua real autoria. Estou equivocado?

Resposta para Marcos Lúcio:
Esse trecho não é de Clarice Lispector. Na internet há essa atribuição, mas é errônea. Clarice não escreve dessa forma.

Aproveito e respondo também a uma leitora, cujo comentário não encontro no momento, aquele trecho "gosto dos venenos mais lentos..." também não é de Clarice.
Não entendo essa associação. A obra de Clarice é muito distinta de tais frases.
Mensagem de Aparecida:
gostaria de sber se Rifa-se um coração é de Clarice ou não?
Resposta para Aparecida:
O texto "Rifa-se um coração" é de Ricardo Labatt. Clarice não escreveu poemas.

Mensagem de Solange:
Gostaria de saber se é de Clarice o seguinte trecho e, em caso positivo, onde encontrá-lo:


Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Obrigada.
Solange

Resposta para Solange:
O trecho é sim de Clarice Lispector, mas não sei informar o livro exato em que se encontra.