Clarice Lispector me foi apresentada, quando eu tinha dez anos de idade, por uma professora, que disse achar que eu fosse me identificar com a escritora. “Perto do Coração Selvagem” foi o primeiro livro de Clarice a me tirar do chão, me jogar no abismo, de olhos fechados, e me fazer voar... Até hoje, leio e releio Clarice, aos sobressaltos – alma inquieta, ferida constantemente aberta.
Ao saber da existência de Clarice, passei a saber cadinho mais da minha própria existência – o olhar dela sobre a vida não me deu, não me dá, respostas, mas sim, mais e mais indagações. E, até hoje, mantenho esses encontros e reencontros com ela – lendo e relendo Clarice Lispector, com a sensação de ter nas mãos – entre as páginas de cada livro dela – o próprio coração da escritora, que ainda pulsa, e causa êxtase... A vida de Clarice continua permeando a minha vida.
A cada releitura, Clarice me fala tanta coisa. Mesmo quando ela silencia, nas páginas fechadas dos livros, ainda assim, ouço Clarice. Chaya bat Pinkhas (Chaya filha de Pinkhas) me conta que sempre quis pertencer. Cedo, muito cedo, perdeu o chão – foi levada embora pela família dela, na primeira infância, do lugar onde nasceu, e nunca mais voltou. Depois, perdeu, pela primeira vez, a identidade – teve o nome trocado, tão logo a família chegou ao Brasil. Aos nove anos de idade, perdeu a mãe. Mais tarde, outra perda dolorosa à jovem Clarice: a morte do pai dela. O casamento com um diplomata fez Clarice perder o caloroso contato com familiares e amigos, que ficaram no Brasil, enquanto ela dizia estar dando vida à “Clarice Gurgel Valente”. As perdas continuaram fazendo parte da vida da escritora, que confessou ter perdido até a vontade de viver.
Dizem que Clarice Lispector morreu em nove de dezembro de 1977 – talvez, fechou o ciclo da própria vida, já que nasceu em dez de dezembro de 1920. Mais de trinta anos passados, e, na alma de muita gente, feito na minha, Clarice ainda ecoa palavras e textos que ela mesma admitia não compreender – ela, que se dizia “tão simples, como Bach”.
Ao saber da existência de Clarice, passei a saber cadinho mais da minha própria existência – o olhar dela sobre a vida não me deu, não me dá, respostas, mas sim, mais e mais indagações. E, até hoje, mantenho esses encontros e reencontros com ela – lendo e relendo Clarice Lispector, com a sensação de ter nas mãos – entre as páginas de cada livro dela – o próprio coração da escritora, que ainda pulsa, e causa êxtase... A vida de Clarice continua permeando a minha vida.
A cada releitura, Clarice me fala tanta coisa. Mesmo quando ela silencia, nas páginas fechadas dos livros, ainda assim, ouço Clarice. Chaya bat Pinkhas (Chaya filha de Pinkhas) me conta que sempre quis pertencer. Cedo, muito cedo, perdeu o chão – foi levada embora pela família dela, na primeira infância, do lugar onde nasceu, e nunca mais voltou. Depois, perdeu, pela primeira vez, a identidade – teve o nome trocado, tão logo a família chegou ao Brasil. Aos nove anos de idade, perdeu a mãe. Mais tarde, outra perda dolorosa à jovem Clarice: a morte do pai dela. O casamento com um diplomata fez Clarice perder o caloroso contato com familiares e amigos, que ficaram no Brasil, enquanto ela dizia estar dando vida à “Clarice Gurgel Valente”. As perdas continuaram fazendo parte da vida da escritora, que confessou ter perdido até a vontade de viver.
Dizem que Clarice Lispector morreu em nove de dezembro de 1977 – talvez, fechou o ciclo da própria vida, já que nasceu em dez de dezembro de 1920. Mais de trinta anos passados, e, na alma de muita gente, feito na minha, Clarice ainda ecoa palavras e textos que ela mesma admitia não compreender – ela, que se dizia “tão simples, como Bach”.
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Solange.