De manhã na cozinha sobre a mesa vejo o ovo. Olho o ovo com um só olhar. Imediatamente percebo que não se pode estar vendo um ovo. Ver o ovo nunca se mantêm no presente: mal vejo um ovo e já se torna ter visto o ovo há três milênios. – No próprio instante de se ver o ovo ele é a lembrança de um ovo. – Só vê o ovo quem já o tiver visto. – Ao ver o ovo é tarde demais: ovo visto, ovo perdido. – Ver o ovo é a promessa de um dia chegar a ver o ovo. – Olhar curto e indivisível; se é que há pensamento; não há; há o ovo. – Olhar é o necessário instrumento que, depois de usado, jogarei fora. Ficarei com o ovo. – O ovo não tem um si-mesmo. Individualmente ele não existe. Ver o ovo é impossível: o ovo é supervisível como há sons supersônicos. Ninguém é capaz de ver o ovo. O cão vê o ovo? Só as máquinas vêem o ovo. O guindaste vê o ovo. – Quando eu era antiga um ovo pousou no meu ombro. – O amor pelo ovo também não se sente. O amor pelo ovo é supersensível. A gente não sabe que ama o ovo. – Qu...
Não me entendo e ajo como se me entendesse.
Comentários
Voltarei sempre, pq nunca cansa ler e reler Clarice!
Beeeijos
Continue a ser um presente todos os dias em 2012...!
Te Desejo Paz...!
Paz para poder ver.
Paz para poder perceber.
Paz para poder agradecer.
Paz para poder sentir.
Paz para poder discernir.
Paz para poder decidir.
Paz para poder ouvir.
Paz para poder perdoar.
Paz para poder se cuidar.
Paz para poder amar.
Paz para poder ter Paz.
(Haydee Cerantola)
“A Paz é contagiosa”!
Alma Exposta”
http://haydeecerantola.blogspot.com