Faz hoje 95 anos do nascimento de Clarice Lispector, ocorrido numa aldeia ucraniana; ela recebeu o nome de Haia Lispector (modificado para "Clarice" quando a família chegou ao Brasil, em 1922). Não consigo escolher somente um texto para comemorar esta data, mas este trecho está entre os meus favoritos: "Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse a casa dele, e é. Trata-se de um cavalo preto e lustroso que apesar de inteiramente selvagem – pois nunca morou antes em ninguém nem jamais lhe puseram rédeas nem sela – apesar de inteiramente selvagem tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo: come às vezes na minha mão. O seu focinho é úmido e fresco. Eu beijo o seu focinho. Quando eu morrer, o cavalo preto ficará sem casa e vai sofrer muito. A menos que ele escolha outra casa e que esta casa não tenha medo daquilo que é ao mesmo tempo selvagem e suave. Aviso que o cavalo não tem nome. Basta chamá-lo e acerta-se logo com o nome. Ou não se acer...
Não me entendo e ajo como se me entendesse.