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Mostrando postagens de outubro, 2010

O Homem que Apareceu (A Via Crucis do Corpo)

Era sábado de tarde, por volta das seis horas. Quase sete. Desci e fui comprar coca-cola e cigarros. Atravessei a rua e dirigi-me ao botequim do português Manuel. Enquanto eu esperava que me atendessem, um homem tocando uma pequena gaita se aproximou, olhou-me, tocou uma musiquinha e falou meu nome. Disse que me conhecera na Cultura Inglesa, onde só estudei na verdade dois ou três meses. Ele me disse: — Não tenha medo de mim. Respondi: — Não estou com medo. Qual é o seu nome? Ele respondeu com um sorriso triste, em inglês: o que importa um nome? Disse a seu Manuel: — Aqui só é superior a mim essa mulher porque ela escreve e eu não. Seu Manuel nem piscou. E o homem estava completamente bêbedo. Apanhei as minhas compras e ia embora quando ele disse: — Posso ter a honra de segurar a garrafa e o pacote de cigarros? Entreguei minhas compras para ele. Na porta do meu edifício, peguei a coca-cola e os cigarros. Ele parado diante de mim. Então, achando seu rosto muito familiar, tornei a pergun...