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Mostrando postagens de maio, 2012

A Maçã no Escuro

Primeira parte: Como se faz um homem Sete Era a quente e inexpressiva cara de um homem — e uma tarde Ermelinda olhou para Martim espantada de vê-lo tão con¬creto no meio da vaguidão do campo. Materializando o vasto espanto que ela nunca sabia bem em que aplicar — ela então se espantou da coincidência daquele homem estar exatamente no sítio, e se espantou da coincidência extremamente curiosa dela mesma estar no sítio. Mas — pensou forçando-se a alguma modéstia — não há um fato que não se ligue a outro, sempre há uma grande coincidência nas coisas. Logo na primeira semana Ermelinda se apaixonou por Martim. Em primeiro lugar porque ele era um homem e ela por assim dizer nunca se apaixonara, senão de outras vezes que não contam. E depois porque Martim, sem o saber, era homem junto do qual uma mulher não se sentia humilhada: ele não tinha vergonha. Ela estava sentada de tarde debulhando milho. O fato de ter aceito a tarefa já fora talvez um começo da necessidade de estar sozinha e de...